sexta-feira, 30 de abril de 2010

CAFÉ E BAR TONDELA

Acho que é o bar mais submundo que já frequentei. Putas e bêbados sem lar disputam um canto da espelunca. O bar fica na esquina das ruas General Caldwell e Frei Caneca, um lugar escuro e largado da cidade, onde depois das nove da noite só vemos nas redondezas as prostitutas varizentas e barrigudas de quinta categoria (vi um vendedor desses de ônibus que fechou negócio por cinco pratas e o resto com balas) e os cachaceiros que parecem vultos se arrastando pelas paredes dos casarios. Quer dizer, parece cenário do filme do Charles Bronson.

E o que me levou a beber neste buraco? Pois é, eu sempre passava diante dali e nunca tive o interesse de entrar, era como se fosse um boteco proibido. Até que um dia, conversando com o Schneider, um velho parceiro conhecido como "O caçador de Marimbondos", fiquei sabendo que apesar do lado sombrio do local existiam muitas mofadas dentro das geladeiras. Ele só bebe marimbondo, mas jura que viu as ampolas. Bom, dito isso, lá fui eu.

Apareci no botequim um ou dois dias depois e pedi Brahma, mas o homem que me atendia de dentro do balcão me trouxe uma Antartica. Ao pousar a cerveja no balcão me explicou que só trabalhava com esta marca pois era a que todos pediam e a que ele preferia. Bom, é isso mesmo, o boteco só vende Antartica. Eu, que não sou trouxa e vi a espessura da capa de gelo que envolvia o casco, mandei abrir. A bichinha estava trincando o marfim, o Caçador de Marimbondos estava certo.

Estabelecido no meu canto, resolvi dar uma olhada na clientela. Tinha um senhor de camisa azul e óculos que parecia uma estátua, e somente se mexia pra levar o copo à boca, depois voltava com elas para o queixo. Outro estava na mão do palhaço, a cada gole que dava chamava por uma mulher de nome Marisa. No balcão, ao fundo, três moças se arrumavam para o trabalho retocando a maquiagem no espelho rachado do banheiro. Depois disso uma delas, a maior, pediu um sanduíche de carne seca e guardou na bolsa pra mais tarde.

Eu derrubei cinco garrafas sem pressa, e durante esse tempo, cerca de uma hora, fiquei olhando o homem-estátua, o cachaça chamando pela Marisa, e o entra e sai das trabalhadoras vaidosas. Isso é o Tondela, o hotel de luxo dessas pessoas, o abrigo necessário para os que vivem na escuridão e um oásis para os amantes de Antartica.















Salve.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

CAFÉ E BAR MARCOENSE

No Café e Bar Marcoense você não passa fome. Além do balcão entupido de belos aperitivos, o almoço é espetacular. Uma ótima comida caseira de bar, com menus diários bem honestos e muita fartura na cumbuca. Quem toca o lugar é o seu Armando, que não pára um minuto quieto. Suas ajudantes de balcão são bem simpáticas e a rapaziada não deixa faltar nada. Ou seja, você tem tudo para sair satisfeito de lá. E a freguesia? Se entregam totalmente ao bar, lá é realmente onde estão à vontade, onde têm a calma que necessitam para lidar com os problemas cotidianos. Como o povo da Zona Norte gosta disso, faz do botequim preferido o seu mosteiro particular.

A cerveja é um caso a parte. Olha que tem muito lugar vendendo mofada por aí, mas no Marcoense é demais. A Brahma estava MUITO gelada, sem sacanagem. Não dava vontade de parar não. As prateleiras que sustentam as bebidas quentes têm por trás azulejos antigos e cafonas, mas que dão respeito para a birosca.

O bar fica na gloriosa rua Sampaio Ferraz, no Estácio. Aliás, esta rua está cheia de bons botecos e comércios tradicionais. A barbearia do Manolo, por exemplo, está nesta rua há mais de quarenta anos.

Eu vinha do centro da cidade no último sábado e parei ali para molhar a garganta. Mas depois que vi as comidas do local... Saldo: Três Brahmas, um sanduíche de pernil e um caldo de mocotó. Saí de barriga cheia e com vontade de retornar prontamente. Aliás, podem aguardar, outros bares do Estácio aparecerão por aqui.

Tijuca e arredores sempre com o há de melhor no quesito balcão sujo. Felizardos os que podem acomodar os cotovelos em um qualquer.


















Até.

terça-feira, 6 de abril de 2010

ERIC, UM SUECO DE BOTECO.

Meu amigo sueco Eric Jonas Gunarsson, voltou para a terra gelada depois de mais de treze anos vivendo no Rio. O retorno foi na quarta-feira passada. O motivo é que seus pais estão precisando de sua companhia e sua mulher, que é brasileira, quer que o filho deles estude na Suécia.

Bom, o que sei é que sua vontade era de não sair daqui. Na semana passada, numa saideira que fizemos num botequim que ele escolheu, fiz algumas perguntas pra ele e filmei. Não tinha pensado em colocar aqui, mas coloco como forma de homenagem ao Eric, grande parceiro de bar, que na minha opinião é carioca.


Até.